Psicologia de um Tester (parte 1)
Embora seja um tema um pouco sensível e por vezes ambíguo, hoje falarei um pouco sobre a Psicologia de um Tester/Testador/QA.
Existem muitas pessoas que acham que por trabalharmos com máquinas acabamos por ser também uma máquina, pensar como elas, agir como elas, ‘falar’ como elas. Mas n\ao é propriamente assim.
A função de um Tester/QA exige que sejamos exactamente o oposto de uma máquina (se bem que neste ponto poderemos entrar em discussão sobre o QA Funcional/Manual e o QA de Automação, mas deixemos esse tema para outro artigo).
Portanto, a psicologia de um tester refere-se à mentalidade, atitudes e abordagens psicológicas que os testers de software devem adoptar para serem o mais eficazes no seu trabalho e nas suas tarefas.
Portanto, nesta perspectiva, a psicologia de um tester foca-se em como estes(as) pensam e se comportam, e em como esses fatores podem influenciar a sua capacidade de encontrar defeitos e melhorar a qualidade do software.
Existem alguns aspectos principais a ter em conta quando falamos sobre a psicologia de um tester. E apresento-te abaixo aqueles que acabam por ser considerados os mais importantes.
Mentalidade Crítica: devemos ter uma mentalidade crítica e ‘questionadora’, não devendo aceitar o software pelo seu valor nominal, mas procurar sempre por possíveis falhas e problemas.
Curiosidade: a curiosidade natural ajuda-nos a explorar o software de maneira mais abrangente, descobrindo áreas que podem não ser óbvias à primeira vista.
Atenção aos detalhes: é crucial (!!!). Pequenos erros podem ter grandes impactos, e precisamos estar atentos a cada aspecto do software. Mesmo aqueles que achamos que ninguém vai reparar. Acredita, alguém vai reparar! E o resultado pode não ser bom!!
Resiliência: Testar pode ser um processo frustrante, principalmente quando nos deparamos com muitos bugs ou problemas. A resiliência ajuda-nos a manter a motivação e a eficácia.
Comunicação: o facto do nosso trabalho prático seja ‘falar com máquinas’, é certo que a habilidade de comunicação (escrita e verbal) é essencial para manter uma cooperação entre equipa, para reportar bugs da forma mais clara e eficaz possível, ... Ou seja, se não somos pequenos robots, não nos comportemos como tal!
Pensamento Analítico: a capacidade de analisar situações complexas e decompô-las em componentes geríveis e entendíveis é fundamental para identificar a raiz dos problemas e também analisar alguns cenários que podem ser mais dificeis de entender.
Empatia: é importante entender as necessidades e expectativas dos utilizadores finais, pois este facto pode ajudar-nos a identificar problemas que realmente importam para a experiência do utilizador e que nós, como temos mais conhecimento sobre o processo e trabalho do sistema/software/produto pode ser-nos imperceptível.
E empatia acaba por ser também abrangente para a restante equipa! Sejamos empáticos e todos ganhamos com isso!
Existem no enquanto algumas considerações importantes na Psicologia de um Tester, que podendo não ser uma soft-skill, tem um impacto e importância grande na psicologia de um tester.
Objetividade: manter a objetividade ao testar é essencial. Não ter preconceitos sobre a qualidade do código escrito pelos colegas ou sobre a complexidade do projeto. Não ser picuínhas, problemático(a) ou causador(a) de discórdias por causa de outros problemas que possam existir dentro da equipa ou com o programador que desenvolveu aquela funcionalidade/correção que estamos a testar. Sejamos imparciais, o tanto quanto possível.
Flexibilidade: Estarmos preparados para adaptar métodos e estratégias de teste conforme o projeto evolui e conforme novas informações possam surgir.
Aprendizagem Contínua: como sabemos, o mundo da tecnologia nunca será estático! Esta constante evolução obriga-nos a comprometermo-nos a aprender continuamente sobre novas ferramentas, técnicas e melhores práticas.
Equilíbrio entre Ceticismo e Colaboração: enquanto por um lado devemos ser cépticos para encontrar defeitos, por outro lado precisamos de colaborar efectivamente com os programadores e outros membros da equipa. Por isso, equilibrio!
Portanto, a psicologia de um tester abrange diversas facetas, desde uma mentalidade crítica e curiosa até habilidades de comunicação e resiliência.
Assim, compreender e desenvolver essas características pode fazer uma grande diferença na nossa capacidade de encontrar defeitos e contribuir para a qualidade geral do software/produto/sistena.